Nem aqui, nem lá

Esse blog se encontra no espaço virtual. Não esta ancorado em nenhum lugar especifico do planeta terra, ou no universo, ou no astral, ou na mente de alguém. Feche seu guarda chuva, entre na estação do pré-consciente e prepare-se para olhar para coisas que não fazem sentido.

Friday, March 24, 2023

Lonan, wa ran mi lowo!

 Taluah andou sem rumo, olhando as paredes que ainda tinham espaço na sua quebrada. Não queria realmente pintar nada, apenas se afastar de casa. Sua mochila estava estranhamente pesada, e estava deixando ela cansada na subida íngreme. Passando pela rua onde havia feito sua arte mais cedo, parou para ver o porquê do peso, e encontrou o livro que havia levado consigo na mochila. Dogma e ritual da alta magia, de um tal de Eliphas Levi. O livro parecia ter sido impresso há muito tempo, e a linguagem era ainda mais velha. Se ela tivesse olhado a folha de créditos, veria que o texto original datava do século XIX. Mas Taluah nunca havia dado importância para esse tipo de informação, apenas se sentou na calçada, embaixo do poste, e folheou o livro novamente. 

O livro misturava coisas que pareciam ter saído da bíblia abraâmica cristã com coisas esotéricas malucas, como astrologia e tarô. Tudo temperado com letras que deveria ser hebraico antigo. Nada ali fazia muito sentido, mas um símbolo pareceu familiar: Uma estrela de seis pontas feita com dois triângulos vazados se cruzando. Ela olhou para frente, para sua arte, e viu lá, o mesmo desenho, como proposto pelo homem fumante. Porque ela não havia perguntado o nome dele, ela ainda se perguntava. Folheando mais um pouco o livro, viu outros símbolos do livro na sua pintura. Percebeu que aquele trabalho era claramente esotérico, e ela não entendia nenhum significado. Começou a olhar com mais atenção, tentando entender o que estava escrito no livro e o que aqueles símbolos significavam, mas a linguagem antiquada deixava tudo muito complicado. Se concentrou ao máximo, lendo e relendo palavra por palavra, olhando para o livro e para a parede, até que ouviu uma voz falando em seu ouvido.

—Latorun saye, Agbara atife beni Axé! — Era uma voz masculina, grave, sepulcral. Tinha uma entonação de ordem, que fez Taluah se levantar num pulo, arrepiada até o último cabelo do corpo.

Quando a jovem percebeu, não estava na rua, sentada na calçada. Estava num espaço negro, vazio, infinito para todos os lados. Uma nuvem se moveu acima dela, mostrando uma lua cheia enorme, muito maior do que ela jamais havia visto. A luz da lua revelou uma planície, grama baixa até onde a vista da jovem alcançava, e ela estava exatamente no meio de uma encruzilhada. Olhando ao redor, percebeu uma coisa ainda mais fora do comum: apesar da lua cheia, ela tinha duas sombras saindo de seus pés, projetadas no chão. Uma delas, estava inclinada corretamente em relação a luz do luar, mas a outra se destacava como se uma luz forte a acertasse por trás. Essa segunda sombra era estranha, mais alongada, como se pertencesse a outra pessoa, alguém alto, provavelmente um homem forte, com ombros largos e sem cabelos. Taluah se concentrou na sombra, achando que ela tinha volume demais, e a sombra abriu um par de olhos e um sorriso enorme, com dentes brancos.

—Seja bem vinda ratinha. — A sombra falou sorrindo, com aquela mesma voz cavernosa. —Obrigado por me dar forma, minha pequena jovem.

Taluah apenas deu um susto para trás, assustada. Caiu no chão sentada, e viu que a sombra continuava no mesmo lugar, desgrudada dela. Percebeu também que estava nua, por algum motivo, ao sentir as pedras do chão de terra em sua bunda. Se levantou cobrindo os seios e a virilha, muito envergonhada apesar de tecnicamente estar sozinha. 

—Ah, os povos modernos. Sempre com pressa. Sempre envergonhados. — Riu a sombra, ganhando volume, como se se erguesse da terra. Quando voltou a falar, era ser humano negro como ebano, sem cabelos ou traços sexuais. Tinha ombros muito largos, peitoral e abdômen com músculos definidos, sem mamilos ou umbigo. Sua cintura era fina, e crescia em um quadril largo, sem nenhum órgão sexual entre as coxas roliças. —Sabia que roupas são uma coisa muito recente na nossa história? Até pouco mais de quinhentos anos atrás, nossos corpos só eram cobertos por motivos de cerimônia ou proteção. No dia a dia ninguém vestiria uma roupa.

—É, mas eu não estou em mil seiscentos e minha bisavó de biquíni, cadê minhas roupas? — Taluah perguntou, extremamente envergonhada de sua nudez.

—Que tal isso? — A sombra propôs, e com um estalo de dedos, Taluah estava vestida com roupas típicas de alguma comunidade afastada no meio do continente africano. Basicamente uma toga de tecido vermelho, que tampava o seio direito e deixava o esquerdo exposto, acinturada com uma trança de capim seco. Em seu pescoço havia um adorno de folhas de palmeira seca, que tampava seus ombros e uma parte do busto como um sobrepeliz curto. Não havia calçado ou roupa íntima, de forma que tampava muito pouco do que Taluah queria esconder.

—Olha, não quero ser ingrata, sem dúvida é melhor, mas não têm ao menos um sutiã? Só minha mãe viu meu mamilo até hoje, não estou confortável com ele de fora assim. — Taluah pediu, ainda tampando o peito com uma mão, e segurando a fenda lateral da roupa com a outra. 

—Crie então sua roupa, minha cara. — O ser esticou a mão, como se passasse a vez. — Como gostaria de estar vestida?

—Bom, roupas íntimas seriam um bom começo, sabe? Aquelas de elastano sem costura, bem confortáveis. Talvez uma roupa estilosa, como uma saiona plissada com uma leggin pôr baixo, uma camiseta curta mostrando meu umbigo e um casacão foda pôr cima, daqueles bem de cria.— A medida que Taluah descrevia as roupas, elas apareceram em seu corpo, sem estardalhaço, sem barulho ou luzes. Apenas lá estavam.O calçado era um tênis com uma roda grande atrás, como um skatenis profissional, caso existisse algo assim. — Ai sim, agora eu to no estilo! Olha esse pisante!

—Fico contente que finalmente esteja do seu agrado. — A sombra falou, sorrindo. Ele se sentou no ar, como se estivesse numa cadeira confortável. —Bom, agora aos negócios.

—Boa, onde é que eu to? — Taluah perguntou, refreando a vontade de perguntar se estava na lagoinha.

—Estamos na sua mente. Estamos no astral. Estamos em Aruanda. — A sombra respondeu. — Os brancos poderiam até dizer que estamos no inferno, mas isso é loucura deles.

—Ok, eu acho. — Taluah olhou novamente ao redor. Parecia tudo calmo e silencioso demais pra ser o inferno como os pastores da televisão pregavam. E fresco demais, com certeza.

—Eu estava esquecido. Abandonado, junto com tantos outros d’África. — A sombra comentou. — Arrastaram nosso povo para o outro lado do oceano, condenaram nossas crenças e acorrentaram nossas vontade. Mas graças a você, agora alguém se lembra. Agora posso voltar a ser. Obrigado.

—De nada, eu acho. —A jovem não tinha certeza do que havia feito, mas um lampejo de clareza cruzou sua mente: aquela sombra é a persona que havia desenhado no muro.— Qual seu nome mesmo? Tenho que parar de esquecer de perguntar.

—Já fui conhecido por muitos nomes em muitos lugares, mas você pode pegar o misto deles. Pode me chamar de Lonan, a nuvem passageira. — A sombra comentou. Ao falar esse nome, seu rosto se tornou ligeiramente mais claro, passando do betume com olhos e dentes para uma feição humana, ainda que tão negra quanto a pele humana pode ser. Parecia ligeiramente mais masculino agora, complementando a voz. 

—Lonan. Porque será que seu nome me parece familiar? — Taluah comentou, como se mastigasse o nome. — Afinal, o que é você?

—Eu sou o que sou. Em algum momento, fui um santo. Antes, era considerado um orixá. Já fui apenas parte da natureza. Hoje, talvez eu seja considerado uma tulpa. — Lonan comentou, pensativo. — Sem dúvida, os falsos pastores de hoje me chamariam de diabo, demônio ou qualquer coisa similar. No fim das contas, esses nomes não fazem diferença, eu sou o que sou.

—Tá bom, vou fingir que isso responde minha pergunta. — Taluah respondeu, não tendo entendido ao certo o que ele queria dizer, mas percebendo que não era relevante. Ele era algo sobrenatural, e aparentemente se sentia grato a ela, então estava tudo bem. Por hora, ao menos. —Mas porque eu estou aqui? Quer alguma coisa de mim além de agradecer?

—Agradecer, principalmente. —Lonan respondeu. — E oferecer minha ajuda. Sinto que você tem uma longa jornada pela frente, e eu não posso fazer menos do que lhe auxiliar. Claro, seu gosto em deixar mensagens e desenhos nas paredes pode me trazer benefícios, mas isso seria só uma mão lavando a outra.

—Não estou entendendo tudo, mas pelo visto gostou que eu te desenhei na parede? — Taluah resumiu suas duvidas. — Posso fazer mais isso, eu queria mesmo ter uma persona pra usar além da minha tag.

—Persona. Ta ai um termo que se aplica, mas nunca foi usado para me descrever. — Lonan comentou, como se degustasse a palavra na boca. Como se a palavra persona fosse uma comida e ele estivesse mastigando suas letras e silabas. — Muito bem, gostei disso. — Ele se levantou, e agora seu corpo tinha uma calça social vermelha bem alinhada, segurada com um suspensório branco. Em sua mão surgiu um cachimbo, e ele tirou um trago sem acender o mesmo, mas o miolo brilhou vermelho e Lonan soltou fumaça mesmo assim. O cheiro era o mesmo do cachimbo do dono daquela casa: chocolate, tabaco, ervas de fazer chá. —Acho bom, acho muito bom. Quando precisar dos meus poderes, me chame. Basta falar “Lonan, wa ran mi lọwọ!”


Thursday, March 23, 2023

Lua negra, capitulo 3.

 Capítulo 3.

O pequeno relógio despertador tocou. Ele estava alguns minutos adiantado, para compensar o atraso que ele acumulava dia após dia. Era apenas um cacareco comprado no camelô, funcionava com uma pilha e tocava o alarme uma vez por dia, às 6 da manhã para acordar Taluah. Costumava acordar também Ítalo, seu irmão, enquanto ele dormia ali, mas agora a jovem vivia como filha única.

—Sai da cama preguiçosa, antes que volte a dormir! - Verônica, a mãe de Taluah gritou ao passar pela porta do quarto. Ela já estava arrumada, quase pronta pra sair pro trabalho. —O café já tá passado, estou saindo, vê se vai pra aula!

Taluah se levantou, a cabeça ainda pesada de sono. Se perguntava toda manhã quem foi o idiota que colocou adolescente pra estudar de manhã. Detestava ir para a escola, mas sabia que precisava ir para manter o auxílio que sua mãe recebia. Estar vacinada, frequentando a escola e sem estar trabalhando eram os requisitos básicos do auxílio que não dava metade de um salário mínimo, mas já pagava as contas de água e luz. A jovem lavou o rosto na pia do banheiro e se observou. Viu que tinha um pouco de terra no cabelo e ainda estava com as roupas sujas da noite anterior. Se despiu, tomou um banho e vestiu o uniforme da escola: Uma camisa branca com um símbolo arbitrário serigrafado no peito. A camisa tinha sido de seu irmão, mas ainda segurava firme e forte. Taluah havia tomado a liberdade de alterar um pouco o modelo da roupa, deixando-a melhor encaixada no seu corpo e mais atraente. Sua mãe deixava sempre claro que não queria saber da filha gravida, e apesar dos hormônios de Taluah clamarem por um pouco de ação, a jovem fazia questão de manter qualquer rapaz (ou moça) há um braço de distância, sempre . 

A jovem não era muito religiosa, mas havia crescido com uma criação cristã que dizia sempre “a carne é fraca”. Não se arrependia das vezes que havia ficado com outras pessoas, mas era melhor evitar do que remediar. Apesar de não querer nenhum relacionamento, adorava sentir o olhar dos outros em seu corpo, ouvir os elogios e assobios. Sempre tentava ir para a escola de forma que a fizesse o centro das atenções: O troféu que ninguém podia erguer. Se maquiou, tomou café da manhã e foi para a escola. Sua mochila, que na noite anterior tintilava com latas de jet, agora tinha um caderno de vinte matérias, meia dúzia de canetas variadas e a espátula de abrir latas. 

Aquela espátula era uma das coisas que Taluah mais gostava, por algum motivo. Era uma mera espátula multiuso de pintura, com um formato assimétrico, com pontas e cavidades para variados usos que Taluah não sabia quais. Mas além de ajudar a abrir latas de tintas e tirar a pressão de jets vazias, ela já havia usado para se defender mais de uma vez, usando como uma faca bizarra, envenenada com tétano e tintas. Na quebrada, quando alguém tentava te assaltar, ou você cedia ou reagia. Taluah deixou claro que ela reagia com violência na primeira vez, e seu caso correu à boca miúda. O rasgo infeccionado no pescoço não matou o assaltante infeliz, mas deixou ele incapaz de falar e com dificuldades respiratórias pelo resto da vida, e o mito da pixadora violenta fez o resto para proteger a jovem.

Terça-feira era dia da aula favorita de Taluah, com o professor Wilson. Ele era um homem de meia idade, careca, bigode cinza, acima do peso e andava sempre mancando da perna direita. Não era um homem excepcional em nenhum sentido, mas tinha um senso de humor ácido e mordaz, e fazia questão de enfiar algum conhecimento na cabeça de seus alunos. E Taluah estava sempre ávida por receber conhecimento. Falar mal do capitalismo tinha começado como uma piada de internet e hoje a jovem sonhava com o dia que seria maior de idade e poderia se filiar ao partido socialista. Enquanto o dia não chegava, ela pixava frases de efeito no seu bairro e por onde passasse, tentando transmitir um pouco de bom senso para a sociedade. Em casa, ouvia os discos de Rap do seu pai, e as poucas adições que ela e seu irmão haviam feito para a coleção. Racionais, Thaide, Emicida, Sabotage, Dj Jamaica, basicamente apenas os clássicos. 

Sua sala não tinha mais nenhuma superfície que não tivesse sua tag rabiscada: Lua Negra. Nenhum membro da administração sabia quem era a responsável, mas as mesas e outras superfícies mais lisas eram limpas com frequência. O mesmo não podia ser dito para cantos como os rebocos entre os tijolos ou os painéis que serviam de forro. Lá o nome da artista havia ficado eternizado, e era um dos lugares onde Taluah mais gostava de deixar sua arte. Terminou uma frase, Busque o caminho, não o dedo que aponta ele, e desceu da mesa, olhando sua obra. Como sempre, queria ter mais tempo para terminar com refinamento, mas a aula já havia acabado há alguns minutos e não podia demorar demais. Saiu da sala pouco antes de uma moça da limpeza entrar, e acelerou o passo ao ouvir o grito de raiva da mesma ao notar a nova arte no teto da sala. 

Almoçou as sobras do jantar do dia anterior, antes de trocar de roupa para ir à casa de seu vizinho. Tinha uma oportunidade rara a frente: Uma tela que não teria de ser pintada na correria. Não queria perder a chance.  Chegou lá às 2, com um caderno e material para fazer um rabisco. Bateu palmas no portão, e não ouviu resposta. Deu uma olhada melhor na casa. Era ainda uma construção original de quando as casas foram doadas para famílias carentes. O muro da frente era baixo, e apesar de ter apenas chapisco velho, seria uma tela ótima. O muro lateral era visível pelo portão, feito de blocos de cimento usinado, era uma tela mais plana, porém um pouco mais escondida. As outras paredes eram similares, mas cada uma mais escondida que a outra, o que diminuía o interesse de Taluah. Uma tela é pintada para ser vista por todos. A mensagem tinha que ter visibilidade. Bateu palmas novamente, esperando que seu anfitrião lhe atendesse. Queria saber o nome do homem, mas ele não havia lhe dito. 

—Oh de casa! — Gritou no portão, batendo palmas novamente. — Sou eu, a mina de ontem! Tá vivo tio?

Como se a responsabilidade familiar fosse o x da questão, o homem abriu a porta. A casa pareceu vazia quando ele passou pela porta, com o cachimbo pendurado na boca como na noite anterior. O cheiro de folhas queimadas era forte, um misto doce de plantas de fazer chás: Camomila, erva doce, capim limão e algo mais. Ele abriu o portão sem usar chaves.

—Desculpa a demora, estava caçando meus fóscos. — Ele comentou ao abrir o portão. 

—Que isso, da nada, me deu tempo de pensar em qual muro quero deixar minha arte. — Taluah respondeu, entrando no quintal para olhar melhor o muro lateral. 

—Bom, quanta isso, eu queria uma arte específica ali fora, aqui um rascunho. — Ele mostrou para Taluah um pedaço de papel com um rabisco do que ele queria. 

Era uma mandala com símbolos arbitrários rabiscados em um padrão de 8 pontas, com o número 23 espalhado por todo lado. O próprio desenho já era muito bom e claro, mas para virar um grafite, faltava o charme. Os olhos de Taluah brilharam ao ver as possibilidades.

—Nossa, isso vai ficar muito foda! — Taluah comentou, pegando o papel e visualizando ele no muro. — O senhor tem preferência de alguma cor?

—Na verdade, sim, eu queria que tivesse muito um tom de verde água, acho que tenho uma lata de tinta ali dessa cor. Você pode começar quando? 

—Se o senhor têm a tinta, agora mesmo. Eu só vou lá em casa pegar as minhas latas de spray e uma mascara. — Taluah comentou, sentada no meio fio. Ela começou a rabiscar algumas ideias no seu caderno, dando complementos de arte urbana pro desenho base. — Eu volto já!

A jovem não esperou o senhor responder, e saiu correndo para casa. Arrumou sua mochila com seus materiais de pintura, pegou uma máscara de proteção contra partículas e voltou para a casa do homem. Ele não estava esperando por ela, mas do lado de fora estava uma pilha de livros, uma lata de tinta fechada e uma garrafa de refrigerante 2 litros cheia de água com um copo descartável em cima. Debaixo da lata de tinta tinha um papel dobrado, onde estava escrito.


Eu autorizo a jovem Taluah a pintar o seguinte desenho no meu muro. Jovi, pode usar esses livro veio pra dar altura ou sentar visse.

ass Lazaro.


Taluah não costumava ter autorização para pintar o muro alheio, e aquela carta lhe pareceu uma carta de alforria, caso a polícia chegasse. O sol já estava baixo, a nuca da jovem queimada, quando ela terminou a pintura. Deu alguns passos pra trás para olhar melhor sua arte. Provavelmente era seu melhor trabalho, mais bem acabado, cheio de detalhes e orgulho. Ela não fazia ideia se aquele desenho deveria significar alguma coisa,  mas ela achou que um homem negro complementaria bem a arte, então ela desenhou uma persona, similar a um saci: Um homem preto estilizado, sem camisa, com uma calça vermelha com suspensorios brancos, descalço, fumando um cachimbo. As cores se destacaram perfeitamente contra o fundo esverdeado da pintura, tornando aquela arte ainda mais especial para Taluah.

Ela havia bebido quase toda a garrafa de água e usado toda a tinta, então aquilo era lixo, mas os livros eram outra coisa. Taluah nunca foi muito afeita a leitura, mas me parecia desperdício abandonar os livros no pé de um poste e torcer para que alguém pegasse eles. Deu uma folheada, vendo se algum parecia interessante, e um deles, um tomo grande, grosso e amarelado tinha várias ilustrações que chamaram a sua atenção. Ela decidiu levar ele para olhar com mais calma em casa. Juntou todo o lixo na lixeira do vizinho, arrumou suas coisas e foi embora. 

—Estava pichando a essa hora da tarde? — Veronica reclamou ao ver a jovem chegando toda suja de tinta. Já estava anoitecendo e ela havia chegado antes da filha em casa. —Não têm nada na cabeça não?

—Na verdade mãe, eu estava grafitando! — Taluah falou com orgulho. Colocou a mochila no chão e pegou a carta. — Olha aqui, eu tive autorização pra fazer minha arte! —A jovem estava cansada, mas radiante de felicidade com sua obra. Estava praticamente esfregando a carta no nariz da mãe. 

—Essas melequeiras nos muros são tudo a mesma merda! — Veronica gritou, irritada com a ousadia da filha. — Vai continuar se metendo com isso e acaba presa que nem seu irmão!

—Porque você tem que ser assim? — A alegria da jovem se transformou em raiva com a resposta da mãe. —Fica botando defeito em tudo que eu faço, fica acusando o pobre do Ítalo de coisa que ele não têm culpa! Isso tá errado!

—Errada tá você que fica vadiando a noite, sujando as ruas e não arruma um emprego pra me ajudar! — Veronica gritou de volta. — Se tu me aparecer grávida aqui ou se a polícia ligar falando que tá contigo, não precisa me chamar que eu não tenho mais filha!

—Você é uma pessoa horrível, sabia? — Taluah gritou de volta pra mãe, já com lágrimas nos olhos. — Queria que meu pai ainda estivesse vivo!

—Nunca mais fale do seu pai na minha frente! —Verônica deu um tapa na cara de Taluah, irritada com a lembrança. — Se aquele bosta ainda estivesse aqui, eu não teria perdido seus dois irmãos! É tudo culpa dele!

—E vá tomar um banho e fazer o jantar, sua preguiçosa! —Veronica encerrou o argumento saindo do cômodo que servia de sala e cozinha e foi para o quarto.

Taluah entrou pro banheiro furiosa e batendo a porta. Tomou seu banho chorando de raiva. Como sua mãe podia ser tão insensível. Seu irmão tinha sido preso injustamente, nem tinha sido julgado ainda, e ela já considerava ele um criminoso. Ela não dava valor para os filhos, só pra si mesma. Taluah saiu do banho ainda irritada, se vestiu e pensou em fazer comida, mas não queria ver a cara da mãe. Pegou um pão dormido, colocou um resto de carne dentro, bebeu um gole de café frio e voltou pro quarto. Queria esfriar a cabeça, então calçou seus patins, pegou a mochila e saiu para a noite.


Monday, March 20, 2023

Lua Negra, capitulo 2.

 —Entre a cruz e a espada hein jovem? — Um homem de meia idade perguntou. Ele fumava um cachimbo de madeira, e quando puxava, a luz vermelha das brasas mostrava as rugas na testa e a careca acentuada.  — Pelo barulho, estava marcando território. Espero que não tenha sido no meu muro.

—Foi não moço, foi umas ruas acima. —A jovem respondeu quase num cochicho. —Eu só quero ir pra casa, liga não. 

—Casa 2, polícia! — O policial gritou na frente da casa. — Saia com as mãos pra cima, eu estou ouvindo vocês!

—Pôr favor moço, não me entrega, é o bope! — A jovem pediu em desespero. — Vai saber o que vão fazer comigo a essa hora da noite.

O fumante não respondeu a jovem, apenas caminhou pôr fora da casa, entrando na luz do fuzil.

—Pois não? —Ele perguntou, segurando o cachimbo com os dentes, com as mãos erguidas como ordenado.

—Estamos procurando uma meliante. Jovem, cerca de 1,70, com uma mochila bege cheia de latas. Ela fugiu para essa rua e pulou um muro. — O policial respondeu, abaixando a luz para não ficar na cara do senhor. — Essa casa é sua?

—Minha não é, mas eu moro aqui. — O senhor disse, dando uma tragada sem as mãos no cachimbo. — Moro de aluguel aqui faz uns 3 dias, ainda não religaram a luz. —O homem apontou com o rosto para o relógio de luz, que tinha um adesivo azul lacrando o disjuntor. 

A viatura policial voltou pela rua, e jogou o refletor para dentro da casa. O policial no portão abaixou a arma.

—Mas o senhor viu a meliante?

—Vi não senhor, eu levantei pra fumar meu cachimbo e me arrumar pra ir trabalhar agora a pouco.

—E com quem o senhor estava conversando lá atrás? Eu ouvi vozes e era uma mulher. — O agente do BOPE perguntou, não acreditando na história.

—É só um áudio no zap que recebi, minha colega falando besteira. — O homem mentiu.

—Tá certo então. Se vir sinal da meliante, liga pra polícia que a gente vem. —O policial não pareceu acreditar, mas não podia simplesmente invadir a casa de outra pessoa sem mandato.

—Sim senho, po deixa. — O homem comentou, finalmente abaixando as mãos e tirando o cachimbo da boca. Não sem antes dar mais uma baforada. — Tenham um bom dia.

O policial não respondeu, apenas subiu de volta na viatura. O veículo se afastou devagar, ainda procurando pela jovem, mas já sem esperanças de achá-la. O homem voltou fumando para o fundo da casa, onde a jovem ainda estava.

—Muito obrigado moço! — A jovem agradeceu quando ele voltou, ainda abraçada na mochila e falando baixinho.

—Pôr nada não, mas eu vou querer um favor em troca. — O homem comentou, já com o cachimbo na boca novamente. A jovem gelou de medo, achando que ele ia pedir alguma indecência como agradecimento. — Amanhã você volta aqui, de dia, e me traz seu portfólio, quero um desenho ali no muro da frente. Se eu achar seu traço bom, você vai fazer ele em agradecimento, ok?

—Sim, claro! — A jovem respirou aliviada. — Amanhã que horas?

— Você ainda estuda, né? Vem as 2 da tarde. — Ele propôs, deduzindo que ela estudava pela manhã. — Agora vá pra casa, vá dormir um pouco antes pra não perder aula. 

— Sim senhor.  — A jovem respondeu, se encaminhando pra fora da casa dele. —O senhor poderia abrir o portão pra mim?

—Tá aberto fia, pode ir. — O homem respondeu, encostado no muro. — Até mais tarde Taluah.

A jovem saiu pelo portão, cujo cadeado realmente estava destrancado. Caminhou até a esquina e olhou ao redor, buscando pela viatura. Virou a rua, andando apressada para casa, e quando passou pelo portão, percebeu uma coisa estranha. Nunca havia dito seu nome, como aquele homem sabia dele? Poderia ser apenas que ele conhecesse seus pais, afinal, moravam bem perto. Mas ele disse que morava ali faziam apenas três dias, como ele poderia saber disso? Um barulho de motor vindo pela rua tirou a jovem de seu devaneio, e colocou-a novamente em movimento. Ela deu a volta na casa, entrou novamente no quarto pela janela, pondo a mochila no chão com cuidado, antes de tirar o calçado, as meias e deitar. Respirou pesado, ouvindo os sons da casa, e aparentemente sua família continuava dormindo. Mais uma escapada bem sucedida. A adrenalina da noite finalmente começou a baixar, enquanto Taluah olhava para o teto, pensando em como ela era incrível.


Thursday, March 16, 2023

Lua Negra

 Já era manhã, de acordo com os padrões da sociedade. Porém, ainda faltavam três horas e  vinte e dois minutos para o sol nascer oficialmente. Os cidadãos de bem estavam em suas casas, dormindo quentinhos sob seus cobertores de fibras artificiais. Alguns, não tão de bem assim, estavam saindo de inferninhos onde traem suas esposas com mulheres da noite. Em uma rua, numa periferia como tantas no Brasil, uma jovem deixava sua marca na parede. 

Ela estava com uma bandana verde estampada tampando o rosto, para protegê-la da tinta que usava para escrever mensagens subversivas no muro. Seus longos cabelos  castanhos encaracolados presos numa trança firme. Usava um casaco folgado, calça cargo e patins esportivos. Ela definitivamente era nova demais para estar na rua aquela hora da manhã, no auge da adolescência. 

A tinta preta estava acabando. Ela sacudiu mais uma vez a lata para tentar tirar o restinho e terminar sua assinatura: Lua Negra. Infelizmente para ela, a tinta acabou. A jovem pensou “droga, detesto deixar coisas pela metade.” A arte na parede na realidade estava finalizada, faltou apenas o capricho na assinatura. Ela tirou o bico da lata, guardou num estojo que estava no bolso, tirou as luvas e jogou o lixo numa sacola descartável. Se afastou dois passos para olhar sua obra de longe. 


Se o rei não vira humilde, vou fazer o humilde virar rei!

Emicida


Não era muito. Era apenas uma frase tirada de uma música. Mas era potente. Era um chamado à mudança, como ela gostava de fazer. Quem havia ensinado ela a pichar e grafitar fazia para demarcar território, falar que aquele lugar pertencia a uma gangue. Mas ela não queria se envolver nisso, achava que o muro era uma tela para uma mensagem muito maior. Adorava as aulas de sociologia, por mais que fossem as mais revoltantes.  A periferia era claramente usada pela burguesia, mas mesmo assim todo dia a massa se levantava cedo e ia trabalhar. 

Luzes do giroflex da viatura policial tiraram ela do devaneio. A viatura preta chegou de mansinho. Motor na banguela, luzes apagadas, como uma onça à espreita. O policial que conduzia o veículo ligou todas as luzes e buzinou ao mesmo tempo, dando um susto memorável na jovem. Ela não ouviu, mas os homens dentro da viatura riram alto com a reação da jovem, que primeiro deu um pulo, se desequilibrou nos patins e caiu sentada de bunda.

Enquanto os agentes de segurança desciam da viatura, a jovem percebeu a situação em que estava. Foi pega no flagra e provavelmente seria levada para a cadeia. A jovem não sabia qual era a pena pôr pichação, imaginando o pior, desde ir para um reformatório à ser morta pelos policiais. O risco de fugir pareceu menor que o risco de ficar ali, e ela agarrou sua mochila e correu, deixando o lixo para trás. O homem da lei que já havia descido da viatura gritou para que ela parasse, mas a ladeira ajudou ela a ganhar velocidade. Havia ganhado seus patins profissionais como presente de 15 anos, e ela mantinha eles religiosamente bem cuidados, e antes que o policial tivesse voltado para a viatura, ela já estava descendo a rua tão veloz quanto um carro.

Um quebra-mola conhecido foi pulado como se não fosse problema. A casa dela não era longe, era ladeira a baixo, bastava ela despistar a viatura. Porém, o motorista da mesma não estava afim de deixar ela escapar, e virou a esquina cantando pneu. O quebra-mola não foi mais do que um desnível para a potente SUV, que passou voando rua a baixo, muito acima da velocidade permitida. Parecia que perseguiam criminosos de verdade, como assaltantes de banco, e não uma adolescente desarmada. 

Confiando no seu conhecimento do lugar, a jovem entrou em uma rua à esquerda, fazendo tudo o que podia para a curva ser a mais fechada o possível. Quase caiu ao pisar em uma pedra, mas conseguiu se manter em pé e veloz. Ela sabia que a terceira casa de cima na rua não tinha cachorro, e o muro baixo seria fácil de pular. Se ela saísse da rua assim, de repente, poderia passar para a casa de trás e sair na rua de cima, deixando os policiais completamente sem pista de para onde ela havia ido. Como planejado, usou a velocidade que sobrava para pular no muro e se jogar por cima, caindo ruidosamente no chão. Agarrou a mochila, como se isso pudesse desfazer o barulho das latas batendo, e esperou alguma reação. 

A casa era pequena, simples, quase abandonada. As luzes estavam apagadas, e a luz que chegava ali vinha dos postes, amarelada por serem lâmpadas de sódio. A viatura não demorou a entrar na rua cantando pneu, e as luzes passaram rapidamente pelo portão, sem revelar a jovem ainda deitada na poeira. O carro continuou pela rua por um momento, até que os policiais percebessem que a jovem havia desaparecido. Ela já esperava por isso, e usou o tempo para tirar os patins, prender eles na mochila e calçar o seu calçado reserva, uma sapatilha preta de borracha, que seria muito melhor para escalar um muro. Ficou em dúvida se abandonava as latas ali, para diminuir o peso e o barulho, mas cada lata de tinta era um pouco do seu esforço em guardar dinheiro. Ela não sabia ao certo quanto de prejuízo tomaria por deixar aquelas latas ali no chão, mas a ideia de deixar uma prova que havia passado ali era pior ainda. Fechou a mochila, a colocou nas costas com cuidado e caminhou devagar para atrás da casa, onde seria ainda mais difícil da polícia a achar.

O plano pareceu bom num primeiro momento, mas ele se mostrava cada vez mais problemático pouco a pouco. Primeiro, a mochila vazia barulho a cada passo que ela dava, ignorando todo o cuidado que ela tinha. Segundo, o muro no fundo da casa era muito mais alto do que ela havia imaginado, e o fundo do lote estava desprovido de coisas que pudessem lhe ajudar. Ela olhou pra cima, contando as fileiras de tijolos, e devia dar coisa de uns três metros e meio ou mais. Ela não ia conseguir subir naquilo sem ajuda. Olhou ao redor. Viu que se subisse no telhado da casa, talvez conseguiria passar, mas ia ficar muito exposta. Olhou pela quina da casa, e viu a viatura passando, lanternas jogando o feixe de luz no quintal, procurando por ela. Um dos policiais vinha a pé, olhando tudo com a lanterna do fuzil. Não tinha como ela escapar dali. Com sorte, ficaria ali naquele fundo de quintal até os policiais desistirem. Com azar, seria descoberta. Um cheiro de fumo e chocolate queimado subiu no ar, misturado com fósforo queimado, e ela soube: Havia dado azar.


Wednesday, January 18, 2023

Pesadelos

 Eu não tenho mais pesadelos. Desde que participei do Caos, a Jornada em 2021, eu aprendi a ter sonhos conscientes, e invariavelmente eu tomo o controle do sonho quando é um pesadelo. Meus sonhos também são extremamente cotidianos graças ao antidepressivo (oxalato de escitalopram), então meus sonhos infelizmente tem pouca graça e eu tenho dificuldade em lembrar deles. Mas eu percebi que é uma coisa fácil escrever pesadelos que não ocorreram. Meu primeiro romance, Pesadelos de Radiny (já a venda na Amazon!) é cheio deles. No meu segundo livro, Herdeira do Caos, eu não coloquei nenhum, porque não achei que era a vibe. Agora no terceiro, a introdução do livro já é um pesadelo. Vou compartilhar ele aqui.

O sol nasceu, como sempre nascia. Um deles, pelo menos, o sol branco. O outro, o sol negro,

demorou um pouco mais, e se ergueu frio como sempre, distante no sistema. A anã vermelha

estava se pondo, seguindo o rumo da estrela de Bário que havia se posto algumas horas antes

. No zênite, o centro daquela algazarra, a supernova azulada estava jogando sua luz ao

máximo nas planícies metálicas. A paisagem não era mais a mesma, agora que o óleo cobria

tudo, mas ainda era familiar. Os campos de grama laminada ainda brilhavam sob o dia eterno,

as ondas do mar de mercúrio eram agitadas pelo vento, e as caldeiras de ferro derramavam

lava e outras coisas derretidas ininterruptamente. Mas agora, o óleo fazia parte de tudo.

Corria sob o solo metálico, jorrava dos vulcões, pingava das plantas. O mundo era o mesmo,

mas era algo diferente, novo. Completo. 

Antes o metal e a carne eram unidos, mas disputavam lugar. Agora, o metal e a carne se

completavam, com o óleo como mídia. Mas não era uma união natural, era imposta, mantida

sob coerção e força. Antes, sentimentos variados como as cores das estrelas disputavam

junto às mentes inteligentes. Hoje, apenas a voz ocupava tais pensamentos. Sempre num

trabalho constante para conseguir unificar tudo e a todos. Completar tudo e todos. Todos

devem ser um.Nadesco olhou ao redor, tentando se lembrar o que viera fazer ali, deu um passo e sentiu

algo molhado e grudento preencher seu tênis. Havia pisado em uma poça daquela substância

negra e asquerosa. Tirou o pé da lama, sacudindo-o, mas parecia piche, grudado em seu

tênis e subindo pela barra da calça como se tivesse vida. Nadesco deu dois passos para trás,

tentando se afastar da poça, mas seu pé agora estava quente e ardendo, e a mancha subia

ativamente por sua calça jeans, já acima de seu joelho. Pôr um rasgo no tecido, ela viu sua

perna ficando negra, metálica, junto do calor que subia com aquela gosma. Gavinhas se jogou

da mancha tentando pegar o braço da moça quando o óleo atingiu a cintura, e Nadesco,

desesperada, tentou se livrar das roupas, mas já era tarde. O óleo se espalhava por sua pele,

pelo seu corpo, independente de ter sido um breve contato. Ela já ouvia as vozes na sua

mente, falando sobre como todos em breve serão um. Cânticos angelicais com vozes

metálicas falavam sobre a maravilha da unidade, e como tudo deve ser um.

—Todos serão um. — Disse Nadesco, agora completa.


Como da pra ver, magic the gathering é um jogo ótimo para me inspirar no terror. Innistrad é um cenário obvio, mas a corrupção de Mirrodin para mim é igualmente aterrorizante. Ravnica com seus becos e glebas também. As matas de qualquer plano podem abrigar monstros assustadores na realidade, e qualquer cidade tem seus criminosos. Trazer um pouco disso pro nosso mundo é só uma etapa natural.

Bom, era isso o que tinha pra hoje. Nos vemos no proximo post.


Wednesday, November 30, 2022

Progresso da revisão de Herdeira do Caos

 Bom momento caros amigos da rede bola de internet. Mais um dia, mais um update pra manter o blog vivo. Hoje eu vos trago um print com o começo do Herdeira do Caos. Reparem no numero de paginas, em formato A4. Eu acho que esta ficando um volume grossinho viu. 


Tuesday, November 29, 2022

Hiato

 Boa noite meu polvo. Vou ter de dar uma pausa nos textos do blog por motivos de : Estou revisando meus livros para poder publicar. O primeiro livro, Pesadelos de Radiny, já se encontra disponível na Amazon. E o próximo livro, Herdeira do Caos, deve sair ate janeiro pelo andar da revisão. Estou terminando a primeira releitura, faltam edições e a correção ortográfica, ai vai pra diagramação.
23 porradas em neo-nazistas, 92 fora bolsonaro.

Lonan, wa ran mi lowo!

  Taluah andou sem rumo, olhando as paredes que ainda tinham espaço na sua quebrada. Não queria realmente pintar nada, apenas se afastar de ...